Empreendedorismo no Brasil

Por: Paula Craveiro
21 Junho 2013 - 22h24

Estudo da Endeavor ressalta a disposição do brasileiro ao próprio negócio e aponta a existência de nove perfis de empreendedores

Antenado, apaixonado, arrojado, desbravador, empolgado, independente, lutador, pragmático e provedor. Divididos entre empreendedores formais, informais e potenciais, esses perfis são o foco da pesquisa Empreendedores Brasileiros: Perfis e Percepções 2013, realizada pela Endeavor Brasil, com o apoio do Ibope Inteligência.
Para distinguir suas particularidades, ambições e dificuldades, a pesquisa quantitativa foi aplicada a 3.240 brasileiros, de ambos os sexos, de 16 a 64 anos, em todas as regiões do país, no período entre 24 de novembro 2011 e 4 de fevereiro 2012, sendo subdividida em dois estudos: um representativo da população e outro dos empreendedores.
Para a amostra referente à população, foram entrevistados 2.240 brasileiros, empreendedores e não empreendedores.
A amostra foi selecionada por meio de um sorteio das cidades e setores censitários pelo método PPT (Probabilidade Propor-cional ao Tamanho). A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, considerando um nível de confiança de 95%.
Para entender melhor a realidade brasileira, o levantamento comparou os resultados obtidos com os de outros países, em parceria com a pesquisa internacional Flash Eurobarometer, do European Comission, sobre empreendedorismo em mais de 30 países, incluindo China, Coreia do Sul, Estados Unidos e membros da União Europeia. O uso das mesmas perguntas desta pesquisa permite uma comparação entre o cenário empreendedor brasileiro com as economias mais importantes do mundo.

POR QUE EMPREENDER?

De acordo com os dados levantados pela Endeavor Brasil, a percepção do brasileiro sobre empreendedorismo e empreendedores é bastante positiva e otimista.
É notável sua aspiração pelo empreendedorismo – 76% preferiria ter um negócio próprio a ser empregado ou funcionário de terceiros. É a segunda maior taxa do mundo, ficando atrás somente da Turquia. Melhor perspectiva de renda futura e oportunidade de ganhar mais é outra meta, que vem logo em seguida.
O ato de empreender é considerado um meio de alcançar mais prazer, autonomia e realização. Cerca de 90% dos brasileiros entrevistados acreditam que “empreendedores são geradores de empregos” e praticamente todos concordam que “ter um negócio próprio é assumir responsabilidades” e “colocar a mão na massa”. No entanto, é justamente isso que falta: mão na massa.
Embora três em cada quatro respondentes prefiram empreender, apenas 19% acha muito provável abrir um negócio próprio nos próximos cinco anos. Além disso, entre aqueles que já têm suas empresas, somente 14% (ou 4% do total da população brasileira) têm funcionários – ou seja, são, de fato, geradores de emprego.
Em geral, os empreendedores com funcionários são o perfil mais desenvolvido social e economicamente, independentemente do dado analisado. Possuem, por exemplo, a maior renda individual e familiar e o mais alto nível de escolaridade – 24% deles completaram o Ensino Superior, enquanto a média dos empreendedores brasileiros é de 16%. Além disso, utilizam-se de fontes de informação mais variadas do que o restante da população.
Um ponto que não aparece muito no Brasil é “independência para escolher hora e local de trabalho”, que figura como a segunda principal razão em todas as outras economias analisadas, exceto no Japão, onde aparece na primeira colocação. No Brasil, ocupa somente o quarto lugar.
A pesquisa revela que existem mais oportunidades de negócios no Brasil do que no exterior, o que sugere que o mercado brasileiro possui espaço para negócios que podem já existir fora do país, e que a recente crise econômica foi menos importante aqui do que no resto do mundo. Outro ponto importante a ressaltar é que mesmo que a independência seja importante para o brasileiro, ele fica mais atento à autorrealização do que à flexibilidade no trabalho.
Déficit educacional
O estudo reconheceu também que, seja qual for o perfil do empreendedor, existe um grande déficit educacional a suprir. Entre os quatro maiores problemas enfrentados pelos empreendedores brasileiros, três estão ligados à falta de conhecimentos, principalmente nos quesitos gestão de pessoas, fluxo de caixa e como administrar um negócio. Soma-se a isso a informação de que muitos acreditam que o empreendedorismo é algo intrínseco às pessoas e, portanto, colocam o preparo em segundo plano.
Ao analisar as relações de empreendedores com associações de classe e instituições de empreendedorismo, a pesquisa mostra que embora quase 100% dos proprietários de negócios formais conheça o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), por exemplo, apenas 46% deles já teve algum tipo de relacionamento com a instituição; entre os informais, a taxa fica em 31%.
“Atualmente, muitos cursos para empreendedores têm foco nas empresas, e não no empreendedor em si”, avalia Amisha Miller, gerente da área de Pesquisa e Políticas Públicas da Endeavor. “Com isso, é mais difícil chamar sua atenção. Ele reconhece os cursos de empreendedorismo como um benefício para a empresa, mas não para ele, como pessoa ou líder. Acreditamos que esta é uma das razões pelas quais não recorram aos cursos, embora saibam da sua existência”.
Segmentação
Para a Endeavor, a segmentação favorece o apoio e o desenvolvimento de produtos e serviços direcionados a cada perfil. “As organizações que se relacionam com empreendedores podem investir seu dinheiro de modo muito mais eficaz, desenvolvendo produtos e serviços focados em grupos específicos e utilizando melhor os canais de comunicação para alcançá-los”, propõe Amisha. “Não podemos tratar os empreendedores (28% da população entre 16 e 64 anos) e os potenciais empreendedores (33%) como um grupo padrão”.
Para aprofundar o entendimento sobre os potenciais empreendedores, foram destacados nove perfis no Brasil, cada um com suas características mais relevantes e podendo ser apoiados de maneiras diferentes. Para isso, a Endeavor separou grupos baseados em um conjunto de características. Devido ao fato de cada grupo possuir características sociodemográficas, atitudes e expectativas diversas, eles enfrentam variadas barreiras em abrir ou ampliar seus negócios, e, assim, têm demandas diferentes em relação ao empreendedorismo.
Dentre aqueles que pretendem ser empreendedores, mas ainda não são, foram identificados três grandes perfis:
Desbravador: deseja empreender para ganhar mais dinheiro, mas não possui experiência e renda. Demanda conteúdo básico e prático sobre diversos temas, como finanças pessoais.
Empolgado: quer empreender para ter mais independência pessoal. É mais jovem do que a média. Possui interesse em educação a distância e conteúdo inspiracional.
Provedor: composto principalmente por mulheres e pessoas mais velhas, com baixa escolaridade e renda pessoal. Neste caso, são necessários engajamento por meio de eventos locais ou na comunidade e conteúdos mais simples.

O levantamento da Endeavor determinou também quatro tipos de empreendedores formais:
Apaixonado: a maioria é mulher, com idade entre 25 e 35 anos. Em geral, possui empresas nas áreas de saúde, estética e venda de acessórios. Enfrenta dificuldades burocráticas e falta de investimento. Poderia se beneficiar de cursos sobre acesso a capital, inovação e networking.
Antenado: geralmente jovem e com maior renda familiar. Enfrenta obstáculos de conhecimento e investimento. Necessita de mentoring e coaching, além de ajuda com recursos humanos.
Independente: empreendedor mais maduro e estável. Não acessa muito a internet, portanto, precisa de conteúdo por meio de revistas e ou jornais. Para resolver problemas financeiros, requer educação sobre linhas de financiamento e oportunidades de acesso a capital.
Arrojado: a maioria é composta por homens com maiores rendas pessoal e familiar. Para crescer, precisa de ajuda sofisticada e mentoring/networking com especialistas, para resolver problemas de conhecimento empresarial e superar obstáculos financeiros e pessoais.

Há, ainda, outros dois perfis, representantes dos empreendedores informais:
Lutador: empreendedor com mais idade e menor escolaridade que abriu o negócio por necessidade. Não costuma acessar a internet, demandando mais conteúdo por meio de televisão e de cursos básicos em gestão de negócios.
Pragmático: escolaridade mediana, se comparada aos empreendedores informais em geral. Trabalha sozinho e utiliza muito a internet e as redes sociais. Para aumentar o baixo faturamento anual e a falta de investimentos, carece de conteúdo prático e inspiracional, preferencialmente on-line.

Resultados

O que se pode inferir da análise realizada pela Endeavor Brasil e pelo Ibope Inteligência é que o brasileiro, de modo geral, é bastante otimista quando o assunto é empreender.
O país possui uma das maiores taxas do mundo referentes ao percentual de indivíduos que preferem ter seu próprio negócio a ser empregado. Mais da metade dos entrevistados acha provável ou muito provável abrir um negócio nos próximos cinco anos. Isso, por um lado, traz uma vontade enorme por parte do indivíduo de se engajar nesse meio, mas é preciso ter cautela para enxergar os riscos e os desafios dessa jornada.
O brasileiro considera os problemas de se empreender em um nível menor em relação ao restante do mundo e dá mais atenção ao dinheiro do que às outras possíveis dificuldades. Muito mais do que em outros países, dinheiro é sempre um problema no Brasil, especialmente quando se fala em investir em um negócio próprio. Entre aqueles que acham pouco provável empreender no futuro, 66% dizem que a falta de recursos financeiros é a principal razão para isso. Este índice é um dos maiores em todo o mundo.

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